8/27/2008

A "Revolução de 64" e os Bancos


Morreu o maior beneficiado pelo golpe de 1º de abril de 1964.

Ele era um dos donos de um banquinho medíocre, o Federal de Crédito, herdado de um tio que não tinha herdeiros. Ele era filho de um escritor menor, auto-denominado historiador.

Ele tinha somente um ponto positivo em sua biografia: foi muito bem casado em suas primeiras núpcias com Da. Tixie Setúbal, a qual lhe deu um quantidade enorme de filhos.

Quando o Rasputin da econômia brasileira resolveu "modernizar" e controlar o sistema bancário brasileiro, encontrou na sua ilustre figura alguém que poderia ser dobrado e manipulado. Seu preço: uma fortuna nunca vista, arrancada dos usuários do seu império bancário.

Através de compras de bancos (violentados pelas quadrilhas dentro do Banco do Brasil e principalmente do Banco Central, e obrigados a aceitar o valor que achasse conveniente) foi-se agrupando a totalidade do sistema bancário em dois gigantes, o Bradesco e o Itau.

O falecido "banqueiro" ainda foi agraciado com o famigerado Fundo BUC. Um pouco da história desse Fundo é necessária, por tratar-se de um Fundo que muito poucas pessoas têm conhecimento.

Entre os bancos tradicionais de São Paulo: o Banco de São Paulo, o Banco do Commercio e Industria de São Paulo e o Banco Mercantil de São Paulo, estava o tradicional e respeitado Banco Comercial do Estado de São Paulo, que pertencia aos grandes Banqueiros da família Whitaker.
O Banco Comercial possuia um banco de Investimento, o Investbanco. Em um dado momento, quando o economista Roberto Campos deixou o Ministério do Planejamento, ele e sua equipe foram convidados a administrar o Investbanco. Ora, Roberto Campos era um grande economista, com uma visão única de macro-economia, mas era um incopetente quando se tratava da iniciativa privada, e acabou por quebrar o Investbanco. Com isso, a Família Whitaker foi obrigada a procurar uma sociedade que pudesse voltar a fortalecer os seus bancos. A solução encontrada foi a fusão com o Banco Brasul que pertencia às famílias Melão e Malzoni. O Brasul era um banco menor do que o Comercial muito bem organizado. A fusão que deveria ter sido um sucesso, acabou por obrigar os acionistas dos dois bancos, por incompatibilidade total das duas administrações, a procurar um comprador para o agora Banco Comercial Brasul.

Provavelmente trazido por alguém da equipe do Roberto Campos, surgiu um grupo carioca, do setor petroquímico, que havia sido sócio do União de Bancos Brasileiros (hoje Unibanco) de Walter Moreira Salles. Era o Grupo Geyer dono da Petroquímica União. Como tinha saído do União de Bancos, brigados com o Walter Moreira Salles, resolveram fazer um banco maior e melhor do que o do Walter. Surjiu assim o Banco União Comercial, ou BUC. E, como administrador da nova potência no setro bancário, o Professor Campos e sua equipe. Mantendo-se fiéis ao sistema administrativo que já havia praticamente falido o Banco Comercial do Estado de São Paulo, em pouco tempo a equipe conseguiu qubrar também o BUC.

Fiéis aos princípios da "Gloriosa", a equipe econômica do governo, que davam aos amigos tudo e aos inimigos talvez a lei, criou uma lei que utilizava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para pagar as contas de bancos quebrados.

Para se apropriar da imenso patrimônio da BUC, foi escolhido o amigo de plantão, o agora Banco Itau ( O Banco Federal de Crédito fundiu com o Banco o Banco Itau da família Meirelles e passou a ser chamado Banco Federal Itau. Com a fusão com o Banco Sul-americano da família Moraes Barros, passou a ser chamado Banco Federal Itau Sul-americano. Mais adiante com a fusão com o Banco da América da família Levi passou a ser chamado de Banco Itau América. Com a compra do Banco Português do Brasil, adotou o nome Banco Itau.)

Para absorver os prejuízos causados pela equipe de Roberto Campos, foi criado um fundo, o Fundo BUC. Funcionava da seguinte maneira: qualquer operação que não fosse paga, fosse qual fosse a razão era debitada neste fundo, bastando para isso, que o próprio Banco Itau julgasse a operação incobrável. Não eram obrigados a ter aprovação de ninguém do Banco Central, afinal eram amigos.

Tudo caminhou de forma tão fácil, que o Itau resolveu limpar sua própria carteira de operações.
Se apropriou de garantias dadas ao BUC e, depois de algum tempo, passou a debitar algumas operações incobráveis próprias no Fundo. Chegou a tal ponto que o Banco Central proibiu débitos feitos sem uma aprovação prévia.

Era o socialização da má gestão e do prejuízo particular.

Só não foi pior do que o caso do Banco Halles, quando os desmandos dos técnicos nomeados como interventores do Banco foram tão grandes que o governo usou a nova lei retroativamente para impedir o escândalo e processos que, sem dúvida iriam pipocar.

Dai pra frente conhecemos a história. A escalada dos juros bancários que promoveram uma acumuluação nunca vista de recursos e de patrimônio nas mãos de meia dúzia de amigos do peito. Alguns dos banqueiros sorteados pelo governo, aqueles que de alguma forma compraram um lugar entre os abençoados pelo governo, nem assim conseguiram sobreviver. Quem não se lembra do Banco Nacional ou do Banco Noroeste? Como será que ficaram os prejuízos causados pelos seus donos? Quem foi preso? Que eu saiba os prejuízos não foram pagos e pra cadeia não foi ninguém. O que era de se esperar num país aonde apenas os pobres são presos, sejam culpados ou não.

Com essa transferência maciça de recursos para o setor bancário, não foram poucas as empresas que tiveram que transferir suas operações para companhias criadas pelos bancos, ou para empresas multi-nacionais.

Foi esse desserviço (muitíssimo bem pago) que o falecido senhor prestou ao país e por isso é reverenciado como grande empresário, grande economista e grande brasileiro.

Que a terra lhe seja leve. Que D-us o tenha e que o diabo o carregue.


(em construção)

Arquivo do blog